“Liberdade
significa
responsabilidade.
É
por isso que tanta gente tem medo dela.”
(George
Bernard
Shaw)
O voto aos 16 anos foi uma conquista do movimento
estudantil, incorporada à Constituição de 1988. Entre o fim da
década de 1980 e o início da seguinte, estudantes e jovens, de
um modo geral, demonstravam interesse na vida política
nacional e desejo de se manifestar, por meio do voto, sobre os
rumos do país. No entanto essa vontade de participar tem
diminuído. Mesmo amparados pelo artigo IV da Constituição
Federal, que garante aos maiores de 16 anos o direito ao voto,
na prática, nem sempre isso acontece. Há onze anos havia 3,6
milhões de eleitores de 16 e 17 anos no Brasil. Em 2008 o
número chegou a 2,9 milhões, redução de 19%. Uma pesquisa do
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) mostra
que os adolescentes vêm demonstrando pouco interesse em
comparecer às urnas. No estado, de cada três adolescentes de
16 e 17 anos, um tirou o titulo de eleitor. Em Belo Horizonte,
o interesse foi menor: um entre quatro adolescentes se
inscreveu na Justiça Eleitoral.
Se números assim permitem constatar o desinteresse do
jovem no exercício de um direito seu, é o caso de se perguntar
as razões desse fato. Por que os jovens parecem ter perdido o
interesse pela política? O que explica o crescente número de
jovens que não faz questão de tirar o título de eleitor e de
votar? Alguns dizem que não se sentem preparados para exercer
o voto ou veem o descaso e a falta de compromisso de grande
parte dos políticos brasileiros como um dos principais motivos
para seu desinteresse em votar.
Entendemos que o objetivo da Lei é dar ao jovem cidadão
a oportunidade de escolher representantes. Por outro lado,
obriga o cidadão a votar mesmo sem que haja o desejo. Para
muitos, este é um fator que possibilita o voto sem
responsabilidade e consciência e favorece a compra e venda de
votos. Dessa forma é fundamental também que o jovem se
informe, estude, se atualize e não caia nas propagandas e
campanhas eleitoreiras. Sim, o ato de votar é um dever para o
jovem, como também, a responsabilidade pelos próprios atos.
Mesmo assim, a falta de informação ou, até mesmo, de interesse
pelo futuro da sociedade faz com que muitos jovens não cheguem
às urnas ou cheguem sem opinião formada.
Mas, de quem é a culpa? Infelizmente, o
cenário é realmente desalentador: A cada eleição, a cada
escândalo, a decepção aumenta o distanciamento dos jovens em
relação à política. O que é um péssimo sinal para o futuro de
nosso país, pois é em sua juventude que uma nação credita suas
maiores expectativas de transformações futuras. Em quem iremos
depositar nossas esperanças se não acreditarmos que os jovens
poderão fazer do Brasil um país melhor, mais justo, solidário
e verdadeiramente democrático?
E como prepará-los para tal missão? Tudo começa dentro de
casa, quando podem começar a ter responsabilidades de
participação na própria família. Depois passam para o contexto
da escola, onde influenciam nas decisões em sala de aula,
ajudando a dar mais qualidade ao processo de
ensino-aprendizagem e mais vida ao ambiente escolar. Com a
ajuda da escola ou da família, estes adolescentes podem
monitorar as políticas públicas e ajudar a disseminar o que
está dando certo e sugerir formas de melhorar a situação da
infância e adolescência, por exemplo.
O voto é um direito de participação política e social do
adolescente que merece ser estimulado e fortalecido.Sendo
assim, todo adolescente tem o direito de participar das
decisões que afetam sua vida e da comunidade, e o voto é uma
maneira de ele ser protagonista, mas também responsável pelo
rumo das políticas públicas. Para isso, é essencial ele se
informar, discutir com outros adolescentes, fazer uma escolha
livre e consciente e, depois, acompanhar a atuação dos
gestores públicos.
“Você
não
consegue escapar da responsabilidade
de
amanhã
esquivando-se dela hoje.”
(Abrahan
Lincoln)
Renan Lenzi Silva
Jornalista, Gestor Público pela UNICESUMAR, Concluinte de
Matemática pela UFSJ e graduando em Engenharia Civil pelo UNIS
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